quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

A PRINCESA DE PARMA


"Les Pauvres" (Pablo Picasso)


"Ah! a sério, disse a princesa de Parma. Eu teria ficado muito feliz em apertar a mão a um espírito tão distinto. Gostaria que ele esboçasse algumas rimas em honra dos meus pobres."

"Esquisse de Le Côté de Guermantes" (Marcel Proust)


A conversa é a seguir desviada pelo duque para o seu objectivo principal: a maledicência. Mas Proust tinha já deixado, perdida no ridículo da sua ingenuidade e na enormidade da sua boa-consciência, a pobre princesa.

Contudo, os "seus pobres" eram afinal mais sinceros do que a democracia da duquesa de Guermantes ou os seus remoques contra o espírito de casta.

E não se pode querer mal a tanta "bondade", fácil, mas real.

A crítica metafísica exigia-lhe o sacrifício do que era, para lhe passar um atestado de verdadeira bondade. Nesse aspecto, porém, todos somos ridículos e ficamos aquém do exigido.

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