Joseph Turner (1775/1851)
"A marinha de Turner não revela nem "o ser" nem a essência de uma marinha: abre o olhar sobre o infinito do movimento das forças que nos "religam" a uma marinha (não a esta marinha-real-referente ou à sua ideia, mas àquilo mesmo, às próprias formas pictóricas que Turner criou na tela). O objecto de arte desencadeia e liberta nas suas formas um jogo de forças num plano infinito de movimento: liberta o infinito, e oferece-lhe um "médium" onde desdobrar-se e desenrolar-se. É isto uma obra de arte."
"A imagem-nua e as pequenas percepções" (José Gil)
É muito interessante esta ideia de uma física subliminar que a arte põe em movimento pela desorganização momentânea das nossas percepções.
Até se afirmar como um novo cânone estético, a obra de arte original desafia as nossas coordenadas espaciais e a nossa relação com o tempo, tanto quanto os nossos preconceitos.
Esse tremor que as novas formas trazem à consistência do mundo abre, de facto, a profundidade do abismo. E cada adaptação que recentra e ajusta as nossas coordenadas não é mais do que um parapeito, a que temporariamente colocamos persianas ou os frescos de uma nova criação do mundo.
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