"É apenas com os progressos da civilização e da Razão que a subjectividade fortificada e a dominação consolidada reduzirão a festa a uma simples farsa. Os senhores introduzem a noção de gozo racional, como um tributo pago à natureza que não foi inteiramente domesticada; e tentam ao mesmo tempo neutralizar o gozo pelo seu uso e conservá-lo na forma superior da cultura; para aqueles que estão submetidos, eles tentam dosear esse gozo quando não os podem privar dele completamente. O prazer torna-se objecto de manipulação até que desapareça inteiramente nos divertimentos organizados. A evolução vai da festa às férias."
"La dialectique de la Raison" (Max Horkheimer e Theodor Adorno)
Este terreno é por de mais escorregadio. Que podemos saber da experiência subjectiva do primitivo? Por outro lado, parece ignorar-se a dependência do prazer em relação ao interdito e à disciplina. A organização não devia ser, à partida, contrária ao prazer. Mas sabe-se que Sade, guiando-se apenas pela razão, chegou ao sexo mecânico.
O conceito de dominação que perpassa nestas linhas confere ao poder uma falsa omnisciência. Não é de admirar que depois da mais-valia, o explorador se interesse pela própria vitalidade, numa economia já libidinal.
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