Charles Darwin (1809/1882)
"Este problema do arbitrário político no cume da hierarquia deixa aparecer então um estado de facto que se pode formular de uma maneira geral: na medida em que os sistemas adquirem a sua própria autonomia através da sua perdiferenciação, tornam-se igualmente causas (ou pelo menos uma parte das causas) dos seus próprios problemas. É assim que o paradoxo de um poder político que é necessariamente arbitrário, devendo ao mesmo tempo ser controlável, se torna o problema próprio do sistema político. Com a descoberta de tais situações, a Europa começa por verdadeiramente se enamorar do paradoxo ou da metáfora paradoxal (...)"
"Politique et complexité" (Niklas Luhmann)
E cita, na política, o período de 1650 a 1750 (que a frase: "O Estado sou eu." resume), na religião, a figura de Pascal e o oportunismo do seu "pari", o amor-paixão e, em economia, a célebre teoria de Adam Smith da "mão invisível".
O percurso do arbitrário, produto de uma crescente autonomia dos sistemas dentro do sistema, passa pelo momento do absolutismo, no século XVII, que evoluiu, pela necessidade de "organizar o controle deste uso arbitrário do poder político pelos próprios meios do sistema político", para o "Estado constitucional".
À medida que as relações do poder se tornam mais reflexivas e se impõe a "inclusão do público na perdiferenciação do sistema político", chegamos à democracia. Já não estamos aqui perante uma evolução do tipo darwiniano, de que o materialismo histórico nos dá uma ideia. O conceito chave é o de organização. Quanto mais complexa ( e as consequências da inovação tecnológica em todos os campos, nomeadamente, na demografia, contribuem especialmente para essa complexidade) for a sociedade, mais a questão da organização sobreleva todas as outras considerações, mesmo as que se referem às chamadas estruturas.
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