domingo, 9 de abril de 2006

O PENSAMENTO SERIAL



Auguste Comte (1798/1857)

A lei dos três estados (teológico, metafísico e positivo) é sem dúvida ela mesmo um estado do espírito. Mas a verdade é que não se pode pensar sem um sistema qualquer e este corresponde a um movimento natural compreendido por todos.
A paixão classificatória do fundador do Positivismo nunca é arbitrária, na medida em que o pensamento se desenvolve num quadro como esse necessariamente, e o mérito do filósofo foi o de aplicar ao domínio do espírito a lei da evolução, já percebida no mundo físico.
A ideia crítica, como ele viu, não é completa em si mesma e nunca poderia fundar uma instituição nem organizar estavelmente a sociedade. O espírito positivo não é, como hoje se sabe, a simples compreensão do dado, mas acção no verdadeiro sentido, porque nele a existência nunca é explicada senão para continuar o seu ser pela compreensão duma lei que é sempre provisória.
A injunção marxista de transformar o mundo é um pleonasmo, porque, a menos que se entre como força cega na dinâmica social, a mudança não é outra coisa que a atribuição dum sentido ao passado e, portanto, a sua continuação ideal por meios conscientes e pelas involuntárias inflexões. A História é a abstracção necessária à acção colectiva como crença, e cujo sujeito é o povo ou a nação. Mais do que a ideia da soberania popular, a ideia histórica expulsou o espírito teológico dos sistemas de governo. Interpretar os factos humanos para deduzir uma lei é o princípio da sociologia que se prolonga hoje nas tentativas de produzir o inconsciente significante ao nível do indivíduo.
Este homem que se julga com o direito a ler o destino na sua própria história, sem recurso a uma filosofia da origem é o antigo leitor solitário da bíblia, e o direito de exame sobre o texto, como disse Comte, é a nossa fábrica de mitos sociais. A tentação de reduzir este fenómeno à influência dum medium específico, na esteira de Mc Luhan, é demasiado forte para não ser referida de passagem. Mas talvez que as nossas reticências sejam a consequência do método de atribuir aos instrumentos a indignidade que é própria da matéria. Esse método, por muito fecundo que seja na cultura ocidental, é o signo duma incapacidade de apreensão imediata do nosso ser profundo.
Por uma fatalidade que é propriamente humana, as nossas intuições são uma síntese do homem separado da natureza, pela lei do espírito e dos seus instrumentos. É preciso ver na lei dos três estados a verdade dessa inadaptação necessária do homem e do universo, e encontrar aí, ao mesmo tempo, a chave para compreender a aspiração de todo o espírito livre à perfeição infinita.

5 comentários:

Anónimo disse...

não gostei da maneira em que foi escrito. Deveria deixar mais explicito as idéias do autor e não em uma linguagem figurada a ele.

Anónimo disse...

que coisa horrivel
eu não consegui entender nada

Anónimo disse...

Eu amei a forma como vc escreveu, foi uma analise mto profunda da ideia. O jeito com que vc desenvolveu o assunto e usou as palavras, chegou a ser poetico

Anónimo disse...

nao gostei a maneira como foi abordado o assunto.foi bastante simplista ,pra nao falar do formato

Anónimo disse...

Péssimo. Enrolou, enrolou e ñ disse nada.