terça-feira, 6 de dezembro de 2005

PENÉLOPE



Por cinco minutos, entre duas paragens, aquela mulher achou que valia a pena.

Tirou do saco de plástico a seus pés a renda e as agulhas e deu ao dedo, como um tear a que voltou a luz. Tem a vista cansada, pela inclinação da cabeça.

De vez em quando, olha para a rua, como se fosse um novelo que ameaça rolar pelo chão.

Parece-se comigo aquela mulher.

Também gosto de tirar o livro do bolso e ler cinco minutos coisas que esqueço logo.

Linha a linha, a leitura me acrescenta, bordado que a memória desfaz, sábia Penélope.

Porque também eu espero.

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