No café, antes do jogo com a Inglaterra, algumas mulheres do povo falavam de futebol e dos jogadores. Uma delas foi ao ponto de confessar que, de nervosa, até dava chutos, sentada a ver o jogo na televisão.
Este é um sinal impressionante da mudança nos costumes e no gosto dos sexos. Estamos cada vez mais iguais, tirando " la petite différence".
Isso é, talvez, menos o resultado da luta pela emancipação feminina do que do prodigioso avanço da sociedade de massas.
Com maiores consequências ainda é a mudança de função dos intelectuais.
Como diz Hannah Arendt, "O que daqui resulta não é, claro, uma cultura de massas - a qual, estritamente falando, nem sequer existe - mas um entretenimento de massas que se alimenta dos objectos culturais do mundo." ("A crise na cultura").
O que já pertenceu ao mundo da cultura é, portanto, modificado, vulgarizado, para ser consumido, como qualquer outro produto, pela sociedade de massas.
O futebol, fenómeno de massas por excelência, com a sua mística popular, tem o condão de precipitar o fim de algumas referências que identificavam a sociedade anterior à massificação.
O fim dos intelectuais, enquanto agentes duma verdadeira cultura e reserva dos mais altos padrões do passado é o que mais salta à vista. Subitamente, passou a verificar-se uma unanimidade universal e é interminável já a lista dos intelectuais que, tal como os políticos, sem qualquer pudor, apregoam as suas paixões clubísticas ou nacional-desportivas, cortejando o gosto popular, como se fora dele não houvesse salvação.
Este novo tipo de intelectual, "muitas vezes culto e bem informado", de que alguns comentadores da televisão são o paradigma, tornaram-se assim uma espécie de sacerdotes do kitsch.
Este é um sinal impressionante da mudança nos costumes e no gosto dos sexos. Estamos cada vez mais iguais, tirando " la petite différence".
Isso é, talvez, menos o resultado da luta pela emancipação feminina do que do prodigioso avanço da sociedade de massas.
Com maiores consequências ainda é a mudança de função dos intelectuais.
Como diz Hannah Arendt, "O que daqui resulta não é, claro, uma cultura de massas - a qual, estritamente falando, nem sequer existe - mas um entretenimento de massas que se alimenta dos objectos culturais do mundo." ("A crise na cultura").
O que já pertenceu ao mundo da cultura é, portanto, modificado, vulgarizado, para ser consumido, como qualquer outro produto, pela sociedade de massas.
O futebol, fenómeno de massas por excelência, com a sua mística popular, tem o condão de precipitar o fim de algumas referências que identificavam a sociedade anterior à massificação.
O fim dos intelectuais, enquanto agentes duma verdadeira cultura e reserva dos mais altos padrões do passado é o que mais salta à vista. Subitamente, passou a verificar-se uma unanimidade universal e é interminável já a lista dos intelectuais que, tal como os políticos, sem qualquer pudor, apregoam as suas paixões clubísticas ou nacional-desportivas, cortejando o gosto popular, como se fora dele não houvesse salvação.
Este novo tipo de intelectual, "muitas vezes culto e bem informado", de que alguns comentadores da televisão são o paradigma, tornaram-se assim uma espécie de sacerdotes do kitsch.
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