sexta-feira, 28 de julho de 2006

A FALTA DO SUJEITO


Karl Marx, circa 1839


"Nós sentimo-nos confrontados com aquilo que Marx chamava um "processo sem sujeito", conceito que foi reformulado nos anos de 1950 pelo teólogo protestante Jacques Ellul.

Nem a economia, nem as tecnologias, nem a comunicação mediática parecem já verdadeiramente governadas pela vontade humana. Estes dispositivos, estes "processos" obedecem em primeiro lugar - e essencialmente - a causalidades estruturais e a avanços "sem intenção".

Jean-Claude Guilleband ("La grande inquiétude" - Etudes - Revue de culture contemporaine)


Esta passagem que colhi duma revista dos Jesuítas é estranhamente sedutora. Dum ponto de vista religioso, ela retoma a análise do jovem Marx dos "Manuscritos Filosóficos", cujo espírito prometeico é evidenciado por esta vontade de encontrar um sujeito para o processo histórico. O Homem deve poder controlar as suas condições de existência.

Foi nesse espírito que, por exemplo, as nacionalizações da Revolução de Abril puderam representar, durante um tempo, uma espécie de passagem do centauro para o homem.

Mas a ingenuidade não explica tudo. A grande síntese hegeliana preparou a nossa cultura para ver esse lugar vazio no comando, ocupado antes, evidentemente, por Deus.

O meu comentário é este: quando é que os vários "processos" em acção no mundo tiveram um sujeito, antes da filosofia inventar tanto esse sujeito quanto os ditos processos?

1 comentários:

Anónimo disse...

Permita-me,
"(...)que se pode ser sincero não ´so contra os próprios interesses,mas contra a própria memória."

Creio, por exemplo, que no Antigo Testamento existe um Sujeito.

Terá sido mesmo invenção dos filósofos?