sexta-feira, 30 de setembro de 2016

SOLIDÃO


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"Qualquer que seja a sua força comunicativa, o pensador proeminente está condenado à solidão: 'Allein zu sein / Und ohne Goiter, ist der Tod.' A solidão sem Deus é a morte. Nem mesmo o ser humano que mais amamos pode pensar connosco."

(George Steiner)

Mas pensar, na sua mais elementar expressão, também não nos poupa a esse destino. Não é por acaso que muitas pessoas preferem não pensar para não sairem do conforto de 'pensar' com os outros, isto é, de se conformarem com o ser superior que é o povo, a nação ou o Deus da sua religião. E sabemos como até um partido pode chamar a si todos os títulos dessa superioridade.

Ninguém procura conscientemente a solidão. Mesmo o eremita 'conversa' com o seu Deus, e o poeta mais inspirado tem a sua musa, ou seja o que for. Todo o nosso ser é a negação do solitário ideal. O mais fisicamente só vive numa comunidade do espírito que pode ser formada por outro 'solitário' como ele, pertencendo, ou não, ao mundo dos vivos.

Comte dizia que pensamos com a comunidade dos mortos. Limita-se geralmente essa pertença aos fenómenos da cultura. Mas vai muito para além disso. É do ser que se trata e não de folclore televisivo, nem de simples memória.

Não, 'directamente', não podemos pensar com aqueles que amamos. E é verdade que a dois nem sequer conseguimos compreender uma conta de somar, como alguém já disse. É preciso o desvio pelo que não tem nome, porque não tem parte no nosso mundo 'acabado', perfeito como é, ao ponto da robótica já prever o nosso futuro exílio.


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