terça-feira, 20 de setembro de 2016

O SUJEITO



"O homem é o único animal que recusa ser o que é."

(Albert Camus)

Também é o único a fazer-se a pergunta sobre o que ele próprio é, donde veio e para onde vai, como na epígrafe de um célebre quadro de Gauguin.

Mas essa é a contrapartida de ser consciente. De ter que 'criar' um mundo à sua volta dotado de sentido. O sentido do mundo impõe uma gramática, com o sistema dos pronomes, verbos e substantivos e tudo o que é essencial para construirmos a nossa 'alienação'.

Porque a nossa existência a partir daí se afasta cada vez mais da 'realidade' que supostamente é o objecto da actividade científica. As leis da Relatividade deveriam ser mais reais do que a incoerência do nosso viver...

Enfim, não se trata verdadeiramente de uma recusa de sermos o que somos. Não há aqui nenhum imperativo moral. Simplesmente não conseguimos ser espectadores da nossa existência, desde o momento em que nos compreendemos através do Sujeito que gramaticalmente somos.

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