segunda-feira, 26 de setembro de 2016

A RAZÃO E OS DEMÓNIOS


(Francisco Goya)


"(...) porque o irracional pode ser coerente com ele mesmo, com os seus axiomas implícitos;"
(Paul Veyne)

Entre as 'racionalidades', Veyne inclui a irracionalidade, porque se a razão pode ser plural, basta que a irrazão seja lógica para ser admitida no santuário apolíneo.

Então, a loucura deixa de ser a maldição antiga que excluía o indivíduo da humanidade e que, na mitologia, era muitas vezes o sinal de um favoritismo dos deuses. Só se lhe pede que seja 'maníaca', isto é, de uma lógica 'à outrance'.

O parentesco deste 'destronamento' da razão com o fim do antropocentrismo (do primeiro grau, por assim dizer) é evidente. O homem racional torna-se um homem de racionalidades em que o oposto da razão, outrora parte do paradigma, é absorvido pela pluralidade do sentido.

Poder-se-á ainda falar de uma Razão universal? E qual poderá ser a nova metafísica que sustente este Babel 'legislativo?

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