sábado, 17 de setembro de 2016

CORPORATIONS

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O problema do poder, nas empresas que não são geridas militarmente e que conservam alguma autonomia, confunde-se com o problema do saber.

Supõe-se que, existindo uma teoria da gestão e do governo das empresas, só os mais competentes deveriam exercer o mando. Mas isto, segundo Karl Popper, é pôr a questão à maneira aristocrática dos inimigos da liberdade.

O que ele quer saber é antes como limitar os erros e a incompetência e nos livrarmos, sem turbulência para a empresa, dos que não cumprem a sua função.

Porque o saber sobre as empresas não é certo (como todo o saber) e porque todos os homens se podem enganar, para além de qualquer pessoa ser negativamente afectada pelo cargo.

Por outro lado, os trabalhadores constituem um outro poder, movido pelos interesses que lhes são próprios, embora subordinado a regras e a contratos.

A luta de classes é uma das leituras possíveis desta situação. Mas é óbvio que os trabalhadores têm tudo a perder se inviabilizarem a empresa e impedirem a aplicação das medidas justas.

O problema é que não existe a empresa como entidade não social, independente das forças que dentro dela se equilibram. E esse equilíbrio que, na realidade, é político depende, nas sociedades livres, da forma como é resolvida a questão do saber. Se todo o saber é conjectural, o que é invocado pelos que mandam nas empresas, além de conjectural é distorcido pela função.

Logo, a crítica das ideias que dimanam do poder empresarial corre o risco de nunca se exercer dum modo racional (a não ser onde exista uma tradição de respeito pelos árbitros).

De facto, a auto-crítica é pouco provável e a que é possível é a do mercado (pelos maus resultados) ou a da força social interna, pela reivindicação ou contestação dos trabalhadores.

Motivo por que a ideia da luta de classes pôde, no passado, algumas vezes desempenhar um papel positivo no desenvolvimento das empresas, evitando a humilhação e o sofrimento que algumas reestruturações impostas pelo mercado normalmente implicam.

Hegel chamava astúcia da Razão a esta produtividade dos erros.

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