segunda-feira, 8 de agosto de 2016

LEVANTAR O VÉU

("La Belle au bois dormant"; Gustave Doré)



"O trabalho de Louis de Broglie causou-me uma enorme impressão. Levanta um grande pedaço do véu."
(Carta de Einstein a Langevin)

De Broglie recebeu o prémio Nobel em 1929, pela sua hipótese sobre a dualidade 'partícula-onda' de toda a matéria, na sequência dos primeiros trabalhos de Einstein.

Em que é que a imagem do véu, referida pelo autor da teoria da relatividade, é reveladora, num segundo grau (já que 'descobrir' é o mesmo que 'levantar o véu') das condições psico-culturais, digamos assim, da 'descoberta científica'?

A imagem supõe que o mundo, os seus segredos e o seu sentido está, desde o início dos tempos, em estado de espera, como a 'bela adormecida'. O 'princípe', contudo, encontra-se, ele próprio, adormecido (Kant é o primeiro a falar em 'sono dogmático') e só pouco a pouco vai 'destapando' o belo sujeito do encantamento.

Neste maravilhoso conto, o beijo do desencantador 'ressuscita' a bela adormecida de uma só vez. Não é esse o método científico de 'levantar o véu' que é sinuoso e às vezes incompreensível.

Mas a dupla 'dormição' é comum à história e ao conto.


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