domingo, 7 de agosto de 2016

A REPETÊNCIA




"O 'sim' e o 'não' dos actores que agem de modo comunicacional é tão predeterminado pelos contextos linguísticos e tão influenciado pela retórica que as anomalias que se manifestam nas fases de esgotamento já só se apresentam como sintomas de uma vitalidade evanescente, como processos do envelhecimento, como processos análogos aos naturais e não como consequência de soluções erróneas de problemas e como respostas 'inválidas'."
(Jürgen Habermas)

Mas como escapar a esse determinismo, quando ele é tudo menos consciente (dir-se-ia até que só funciona porque é inconsciente)?

Sendo assim, as respostas 'válidas' apenas se distinguem das outras por não terem tempo de envelhecer. O seu contexto linguístico é retirado como um falso cenário. Mantendo-nos no mundo do teatro, a palavra 'certa' é definitiva e imposta pelo que vai seguir-se.

É por isso que não há resposta certa que sobreviva à representação. Ela só se compreende porque 'está escrita' para um contexto evanescente, eternamente 'superado', como dizem os hegelianos.

A 'farsa' (modo em que a tragédia se repete na História, segundo Karl) resulta, então, do erro de pensar que a história se repete, e que a lotaria dos nossos juízos 'pré-determinados' têm um objecto real.

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