quinta-feira, 26 de maio de 2016

CONSCIÊNCIAS

(Paul Valéry)




"Correlativamente, o intelecto não é, segundo eles (os contemporâneos de Valéry), obrigatoriamente consciente porque o seu objectivo consiste em atingir uma perfeição automática da realização."

(Atsuo Morimoto)

Que modelo seria o dessa consciência?

Podemos referenciar uma origem no 'daimon' socrático. Aquela voz que o avisava e impedia de se 'extraviar'. Note-se que a sua função seria sobretudo crítica, nunca apontando um caminho a seguir. Era como a voz que nos lembra de nós a nós mesmos. Os famosos 'princípios' de certa superioridade moral, ou, na mesma linha, a 'coerência' ou a 'consequência'.

Está bom de ver que este género de questão só importa à vida moral. Mas Morimoto refere-se a um outro tipo de consciência, mais parecida com a vigilância, a atenção que, nas suas palavras, correria o risco de se tornar num automatismo, ao nível da pura instrumentalidade.

Suponho que o intelecto não é instrumental nesse sentido, mas que está fechado num mundo próprio - o de uma disciplina ou de uma linguagem - seria difícil negá-lo. Pode-se até dizer que muito da sua eficácia depende desse seu 'esplêndido isolamento'. Isto parece ir ao encontro da prevenção de Morimoto, com a diferença que o contrário disto não seria a 'consciência (que é moral ou é simples vigília), mas a inacção.


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