segunda-feira, 9 de maio de 2016

DUAS MULHERES E DUAS CASAS

"As noites de lua cheia" (1984-Eric Rohmer)


O provérbio escolhido por Eric Rohmer é: "Quem tem duas mulheres, perde a alma; quem tem duas casas, perde a razão."

Louise e Rémi amam-se. Moram num prédio nos subúrbios. Mas ela pretende, ao mesmo tempo, manter o seu apartamento de solteira em Paris, para sair sozinha alguns dias à noite e ver os amigos. Ele não gosta de sair.

Este programa contra o amor causa alguns dissabores ao casal, mas Louise leva a sua por diante. De facto, as oportunidades para ambos de conhecerem novos amantes abundam.

E, ela dizendo que não faz mais do que ser feliz para amar melhor, comporta-se, realmente, como se procurasse um novo amante.

O filme acaba com Louise reconhecendo, à sua custa, o valor da fidelidade e da estabilidade que Rémi e a sua vida suburbana lhe proporcionavam, apenas para descobrir que entretanto o seu companheiro tinha encontrado noutra mulher o "amor da sua vida".

O provérbio champanhês diz que não se pode ter duas mulheres sem mentir (e Louise começa a mentir quando se tem de esconder de Rémi num café de Paris).

Quanto à casa, é claro que não se trata duma casa principal e duma casa secundária, mas de duas personalidades. Organizar a vida em dois espaços tão diferentes é de facto o caminho para o desvario.

Porque a casa, mais do que um lugar, é uma maneira de pensar.

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