quinta-feira, 19 de novembro de 2015

A IDEIA ÚNICA

(Madame de Staël)


"A natureza em nada está submetida ao império de uma só lei. A loucura consiste no domínio de uma ideia única, e quando se pretende organizar a sociedade como a cabeça de um homem demente [...], o que parecia ser a clareza evidente pela combinação abstracta, na sua aplicação não é mais do que o caos."
(Mme. de Staël)

Em certos aspectos, somos ainda mais racionalistas do que o século XVIII, pois que ainda buscamos uma 'teoria de tudo' para explicar a 'natureza'.

Mas esteja ou não a razão por detrás da 'ideia única', podia dizer-se que esta sempre foi, de uma maneira ou doutra necessária para organizar o caos, e a ideia de Deus talvez tenha sido a primeira 'teoria de tudo'.

O radicalismo islâmico parece ter prescindido de uma fase 'iluminista' para chegar à sua 'ideia única'. Bastou-lhe diabolizar a dissidência (xiita, sunita, ou o que seja) e os infiéis de qualquer parte do mundo, para idealizar o Bem para que os crentes foram predestinados.

Esta diabolização não desqualifica a natureza racional do pensamento único, que pode ser lógico, consequente e compatível com as altas matemáticas. A necessidade (física ou abstracta) é o departamento da razão; a ideia do Bem é platónica e decide-se 'com o corpo todo', se entendermos bem o platonismo.

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