terça-feira, 12 de maio de 2015

O "TINA" MATEMÁTICO




"Dizem-nos frequentemente que Luís XVI pereceu em expiação dos pecados dos seus antepassados. Ele pereceu, não por causa do poder que herdou deles ter sido levado ao excesso, mas porque foi desacreditado e minado."

(Lord Acton)

Se houve rei mais condescendente e mais pronto a prejudicar a sua própria causa em nome da nova divindade da cidadania, foi este infeliz monarca. O seu temperamento põe-no ao lado de outros príncipes que, sendo fracos, se revelaram verdadeiros homens de estado.

Cláudio é, talvez, o mais célebre deles. A sua gaguês e o seu andar aos solavancos deram-lhe a aparência ridícula que lhe serviu de seguro de vida, enquanto outros da sua família, mais talhados para o poder, foram ceifados pelo génio da loucura que estava nos genes da dinastia.

Mas, à altura, o império romano estava quase no seu princípio e Cláudio, posto no trono pela guarda pretoriana, pôde exercer o cargo por um tempo considerável. Não era crédito que faltava ao império, e o nome de Roma bastava para conter a revolta no ovo. Mais importante ainda do que isso, o império tinha imobilizado a situação das classes. Havia uma fronteira, como no caso dos colonos americanos com a 'conquista do Oeste', que permitia que as tensões sociais não chegassem ao nível do confronto. Essa fronteira era o confisco da riqueza das nações subjugadas.

O Bourbon, tetraneto do rei que simboliza o absolutismo, exerceu um poder contestado pelos filósofos, que começaram por vergastar os fundamentos teológicos da monarquia e o seu 'braço espiritual', a Igreja católica. As revoltas populares por causa dos abusos da aristocracia e do Estado ganharam uma voz poderosa no Céu dos Direitos Humanos. O absolutista estava nu.

Mas haverá algum princípio que hoje possa contestar a ideia democrática? Há muita gente que parece pensar que a utopia leninista da 'administração das coisas' pode e deve substituir a política. E então teríamos um monstro a que se poderia chamar de democracia administrativa. Quem pensaria em pôr em causa um decreto matemático declarando que 'não há alternativa'?

0 comentários: