sábado, 30 de maio de 2015

A GLASNOST DOS GUICHETS

Joseph Kafka (1883/1924)


"O que eu lhe vou perguntar depende do resultado da nossa entrevista. Muitas coisas podem surgir durante a conversa, mas mais importante ainda é confrontar-me com ele. Você está a ver que eu não falei ainda com um verdadeiro funcionário. Isso parece ser muito mais difícil de conseguir do que eu julgava."

"O Castelo" (Franz Kafka)


Pensava nesta e nalgumas outras passagens do romance de Kafka, ao dirigir-me à repartição de Finanças da minha zona, por causa do IRS.

Mas a burocracia hoje evita mostrar-nos o seu pior ângulo. Há pessoas do outro lado do balcão, e o nosso caso não depende dum personagem inacessível, no qual apesar de tudo temos de depositar todas as nossas esperanças, à medida que vamos conhecendo os inúteis intermediários e as infinitas delongas.

A administração pura, simplificada e racionalizada, ao alcance duma simples cozinheira, preconizada por Lenine, superado um Estado obsoleto que já não seria o órgão de dominação duma classe sobre as outras, está em vias de se tornar um facto, graças à tecnologia, em muitas funções estatais.

O próximo passo será determinar o coeficiente de dominação, socialmente sustentável.

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