quarta-feira, 6 de maio de 2015

O OBJECTO COMPLEXO


Michael Polanyi

"(Michael) Polanyi argumentava que o método científico não é simplesmente uma questão de progredir da ignorância para a objectividade; como nas humanidades, é mais a de um movimento complexo do conhecimento explícito para o ímplicito."

"The case for God" (Karen Armstrong)

Por alguma razão não se fala aqui de verdade, mas de objectividade. De facto, o conhecimento inter-subjectivo só necessita de estar de acordo consigo mesmo para ser 'objectivo'. Esta característica só faz sentido para uma 'inter-subjectividade' implícita e não para o indivíduo abstracto.

Quando Descartes se sentou frente à lareira com o célebre pedacinho de cera, assumiu que podia ser independente de preconceitos e de opniões, prestigiadas ou não. Mas reconheceu que não poderia dispensar Deus para dar sentido às declarações da razão. Isto era, à partida, destituir a lógica de qualquer poder de revelação e de fundamentação científica.

A outra ideia de movimento complexo para o conhecimento implícito vai ao encontro de um fenómeno tão omnipresente como é o de crescermos em complexidade e da tarefa de nos organizarmos já não estar ao alcance do homem pré-tecnológico. Cada vez mais nos confrontamos com um 'Big Brother' nascido da nossa tecnologia e sem os estigmas do pesadelo orwelliano.

Mas também aqui, a verdade, no sentido religioso-filosófico, está ausente. Podemos atestar que o nosso conhecimento funciona ou não, mas já não podemos dizer se favorece ou não a 'verdade' do homem e do cosmos.

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