terça-feira, 10 de junho de 2014

O DESTINO NAS PALAVRAS

Ruppert, o involuntário mentor dos assassinos diletantes, em "Corda" de Alfred Hitchcock (1948), não podendo negar as suas palavras, inspiradas na vulgarização do pensamento nietzscheano, sobre o direito dos fortes, que Brandon e o seu patético acólito transpuseram para a realidade, vê-se, primeiro, constrangido a alegar uma distorção do que ele teria querido dizer, mas acaba com o argumento irrespondível - que o desclassifica como mestre: havia qualquer coisa dentro de si que sempre o haveria de impedir de chegar até ao crime, coisa que manifestamente faltava aos seus alunos. Haverá uma lei da degradação pedagógica?

Assim, no final deste brilhante exercício de técnica cinematográfica, Hitchcock, como quem não quer a coisa, abre a discussão sobre a responsabilidade intelectual dos nossos entusiasmos.

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