quarta-feira, 18 de junho de 2014

MAQUIAVEL

Maquiavel

 

"Para ele (Maquiavel), o ponto decisivo era o de que todo o contacto entre a religião e a política tem de corromper as duas, e que uma Igreja não corrompida, se bem que muito mais respeitável, seria ainda mais destruidora para o domínio público que a Igreja corrompida de então."

(Hanna Arendt)


O mundo islâmico, para tragédia de todos, não teve o seu Maquiavel. Isto é, nunca terá organizado a sociedade civil fora do Estado-religião.

Compreendemos que a Igreja dos Bórgias foi indigna do Cristianismo, mas livrou-nos de Savonarola. O espírito deste era, de facto, o espírito, sem mais. A corrupção contra a qual profetizava era mais do que real e destruia a Igreja (ou obrigava-a mudar, como aconteceu, apesar de tudo). Mas a visão religiosa deste frade abafaria o indivíduo num mundo pré-político, sem liberdade.

Sempre que do mundo político emerge um espírito quase religioso que sumerge o indivíduo num partido, o eterno Savonarola ressuscita. No mundo moderno, isso, porém, só pode levar ao fracasso, e à podridão da política e dessa religião inferior.

Os anos 80 do século passado mostraram-nos que mesmo o 'cedro do Líbano' pode cair fulminado pela corrupção e o 'double talk'.


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