domingo, 29 de junho de 2014

A INJUSTIÇA SEM JUÍZO FINAL

Albert Camus

 

"O poder não se separa da injustiça. O bom poder é a administração sã e prudente da injustiça."

(Albert Camus)


Forçosamente, numa grande administração, as decisões são cegas sobre a maior parte das suas consequências fora do papel. Quero dizer que uma boa intuição e uma grande dose de sorte podem levar a melhores resultados que a 'competência' e a honestidade intelectual.

Não é só ter que 'agradar a Gregos e a Troianos' (e estamos a excluir a teoria da 'correia de transmissão' entre um governo e a 'classe dominante'). É que, na completa incerteza, a tendência é seguir os trilhos conhecidos da 'injustiça instalada'. É essa a grande objecção ao chamado reformismo, o qual, não obstante isso, é melhor do que o 'salto no escuro'. O 'escuro' aparece logo que se deixe de acreditar na pseudo-ciência económica.

O poder não sabe 'onde põe os pés', e a prudência seria, de facto, o menor mal, se os homens pudessem sempre ser razoáveis.

Mesmo quando a razão consegue ganhar alguma independência em relação às 'paixões', nunca é suficientemente isenta de 'racionalismo' e de vontade de poder.

 

 

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