quarta-feira, 12 de junho de 2013

ABSOLUTAMENTE

Umberto Eco

"'Ab solutus', livre de laços ou limites, algo que não depende do outro, que tem a sua própria razão, causa e explicação em si mesmo."

(Umberto Eco, "Absoluto e Relativo")


O amor absoluto, o poder absoluto, seriam, assim impossíveis. O primeiro, teria que dispensar os seus raios como o sol, sem olhar a quem e sem realmente precisar de quem quer que fosse. Ora, nós vemos que o amor mais abenegado, como o maternal, se dirige ao pequeno ser que tudo exige com a única contrapartida de nos revelar o melhor de nós mesmos. Precisamos pois do outro para experimentarmos algo do absoluto, algo que nos transcende. Oiçamos o que diz Justine (em "The Alexandria Quartet") e a que distância fica a sua 'independência':"Oh! Nessim, eu sempre fui tão forte. Será que isso me impediu de ser verdadeiramente amada?"

Quanto ao poder absoluto, a imagem que melhor o desfaz é a do poderoso sem o seu 'desvalido', do senhor sem o seu escravo. Hegel, o dialéctico, o disse. Não há um sem o outro.

O poder solitário devora-se a si mesmo. É a fábula de Menenio Agripa na versão anárquica, ou um regime 'corporativo' levado até à suas últimas consequências.

 

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