Flores do metrosídero |
Mais uma citação musiliana:
“Nós sabemos que a vida se vai perder tanto nas extensões inumanas do espaço, como na inumana pequenez do átomo, mas entre as duas, não receamos chamar “objectos” a uma simples camada de ilusões, quando só se trata, com efeito, duma preferência acordada às impressões que nos chegam duma certa distância média.”
(“O homem sem qualidades”)
Na rua do Molhe, há um metrosídero que estende o esplendor da sua cabeleira para o passeio, qual Mélissande. Pela Foz, há muitas árvores destas, mas sem flor e quase anãs, que, como uma corte de subalternos antecede o mágico recinto da rua do Molhe.
Gosto de pensar que uma presença destas, fiel, de noite e de dia, na exclamação das suas raízes, é uma abertura do espaço maior do que o dos astronautas, e que, através da sua beleza selvagem, de facto, se superam os limites do olhar e da “distância média”.
Cortem as árvores, e a terra encolherá como uma certa nêspera...
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