domingo, 24 de julho de 2005

A PONTE DAS ALMAS


A ponte de Entre-os-Rios


 
Agora, em vez da ponte ruída, e que causou a morte de 59 pessoas, em Entre-os-Rios, há duas pontes novas. A faixa de macadame estende-se até às colinas verdes a sul como uma passerelle para o desfile das almas.

É tentador converter os mortos em engenharia que une as duas margens (o que eles também são, entre este mundo e o “outro”). Como se a camioneta cheia de gente que se afundou no Douro fosse um sacrifício exigido por um deus a quem só um holocausto arrancasse da sua surdez.

É a culpa como motor do desenvolvimento ou o rendimento do simbólico. A economia, não conseguindo explicar esta lógica, parece um imponente parque industrial desafectado.

Não sei como, mas isto tem algo a ver com o momentoso problema do défice...

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