domingo, 17 de julho de 2005

A POLUIÇÃO DAS IMAGENS


Poluição



Não se pode compreender o moderno terrorismo sem a dimensão mediática que amplia as suas repercussões tornando-o numa encarnação do Mal, ubíquo e omnipresente como qualquer facto da imaginação.

A ideia da globalização que pouco a pouco tornou as teorias de Mc Luhan no catecismo de qualquer mortal mediatizado faz com que o terror tenha deixado de ser um fenómeno local circunscrito a qualquer guerra ou conflito em aberto.

Por outro lado, é muito sedutora a imediata notoriedade que os media conferem àqueles por quem o terror vem, e que muitas vezes são as suas primeiras vítimas voluntárias, com o que ganham uma espécie de imortalidade no espaço virtual. Sem esse eco tecnológico à escala mundial, esses actos perderiam ao mesmo tempo o seu fundamento religioso ou político e se tornariam numa loucura banal e inexplicável. Porque estamos confrontados, apesar de tudo, com uma racionalidade, que só se compreende pelo rendimento da comunicação planetária.

Por isso, o modo como as autoridades responsáveis e a polícia londrina lidaram com os atentados de 7/7, numa lógica anti-mediática, é o caminho para esvaziar de sentido um flagelo moderno.

Nesse caso, ficou também demonstrado que outro ganho de não se ter enveredado pela intoxicação do pensamento através das imagens da violência e de se fomentar o medo, foi o dos Ingleses e os europeus em geral, em vez do espanto e do horror paralisantes que provocou o ataque às Torres Gémeas, terem conhecido, nestes tempos de cepticismo e de relatividade moral, o primeiro suplemento de alma desde há muito tempo.

Da provação veio o princípio da força e não o pânico.

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