quinta-feira, 8 de outubro de 2015

SUBIR DE PATAMAR




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Não podemos estar certos de nada quanto ao futuro, e não é só do longínquo que se trata. Os 'cisnes negros' e as 'borboletas' têm uma predilecção especial por baralhar as projecções.

Por isso, temos de ser bastante cépticos quanto à correspondência dos cálculos com os factos do futuro. Em cima disso, é aconselhável alguma prudência, observando a lei de que, se todas as condições permanecerem iguais, as mesmas causas produzem os mesmos efeitos.

A Dívida é uma dessas realidades de que não podemos prever o futuro, mas temos de agir como se 'as condições permanecessem iguais'. Nesta perspectiva, a dívida de Portugal e a de outros países não poderão, realmente, ser pagas.

Todos sabemos disso, mas os principais protagonistas não se sentem obrigados a tirar todas as conclusões desse cálculo. Só especulam sobre essas conclusões os que não têm que tomar decisões, ou aqueles que, devendo tomá-las, 'titularizam' as conclusões, como fizeram os bancos na crise do 'subprime', utilizando argumentação ao nível  do lixo (BBB-).

É possível, por conseguinte, uma situação estagnada, de paz pôdre, em que muitos parecem acreditar nas virtudes do apodrecimento e na virtude regeneradora da corrosão. Os credores fingindo que contam ser ressarcidos, e os devedores fingindo que nunca terão de pagar a 'libra de carne' imposta por Shylock (de facto, já podem mostrar o coto ou outra deformidade).

Para alguns historiadores isto não é uma fábula. É a verdade de uma falência e de uma independência sempre periclitantes, talvez, desde D. Manuel, "O Venturoso" ('et pour cause').

A Roma da decadência caiu de vez sob as patas dos cavalos húnicos, depois de ter sido minada no seu interior durante séculos pelas consequências sociais e económicas do seu império. Um caso de 'viver acima das suas possibilidades' muito mais eloquente do que a versão nórdica do nosso.

Para acabar, sem 'concluir' o que seja, a crise pouco mais é do que rotina, se subirmos ao patamar apropriado. Dessa altura, já dá vontade de rir a ideia de que estamos a pagar a factura dos nossos erros.



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