terça-feira, 21 de abril de 2015

O FALSO DEBATE

Lenine lendo o Pravda


"Nas discussões, em geral não se dirigia aos seus oponentes, dirigia-se às testemunhas da discussão. O seu objectivo era, perante as testemunhas da discussão, ridicularizar,desacreditar o seu adversário."

(Vasily Grossman sobre Lenine)

Que técnica tão reveladora, de facto!

Por um lado, não reconhecer a verdade luminosa é indigno da inteligência e é uma atitude que merece o ridículo. Sendo um 'iluminado', o grande líder procedeu em conformidade. Não só nas discussões políticas, mas quando uma decisão mais complexa se apresentava. Com isso a "Revolução" podia queimar etapas (mas soube acrescentar uma, com o célebre 'um passo atrás, dois passos em frente').

Por outro, o oponente não encontra uma verdadeira resposta da outra parte. Como se tudo o que dissesse não fosse mais do que um estereótipo científica e definitivamente julgado que podia ser respondido por um 'atendedor de chamadas'. Este género de anulação do outro faz lembrar, salvas as devidas proporções, que foi assim que começou a desjudaízação, na Alemanha de Hitler.

Interessante seria ver o que aconteceria se o adversário de Lenine 'pagasse na mesma moeda', falando directamente para as testemunhas.

De certa maneira, é o que a televisão faz com todas as reportagens, entrevistas e debates. O diálogo que todos presenciamos é um simulacro, porque toda a palavra e toda a 'acção' são de facto dirigidas para a falsa testemunha (e o falso testemunho) das câmaras.

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