quinta-feira, 16 de abril de 2015

O ESTADO TEOLÓGICO

Jiang Zemin 


"Sabe-se que Deng disse, na sua jornada de 1992 pelo Sul, que o socialismo levará gerações, dezenas de gerações. Eu sou engenheiro. Fiz um cálculo de que houve 78 gerações desde Confúcio até agora. Deng disse que o socialismo levará outro tanto. (Jiang Zemin)"

"On China" (Henry Kissinger)

Sabe-se como os chineses são um povo paciente. O cálculo de Jiang Zemin transporta a esperança no Socialismo para uma época de que nada podemos saber, equiparando a fé na sua construção à dos Cristãos no regresso de Cristo, depois dos tempos da Parúsia, ou seja o seu postergamento para 'o fim dos tempos'.

Deng, sem se pronunciar sobre as consequências dessa substituição, simplesmente  trocou um ideal político por um ideal religioso 'intemporal'.

Na realidade, trata-se de uma solução congenial ao carácter, por nós Ocidentais, atribuído à população chinesa. Daí o passe de mágica do seu líder ser, na verdade, um retorno à posição de equilíbrio, depois da 'bicicleta da Revolução' importada por Mao ter parado.

Quando se mudam assim as condicionantes temporais, não há nada que possa fazer surgir uma contradição. Nada de imprevisto que possa acontecer.

Já era assim no 'estado teológico', como diz Comte.

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