segunda-feira, 25 de novembro de 2013

TUDO E NADA

Gaston Bachelardl


"O nada é dado, tudo é construído."

(Gaston Bachelard)

 

Muitas vezes, ao acordarmos, não há nada. Quer dizer, não há mundo. É preciso um 'restart' que faz inveja ao mais rápido dos nossos computadores. Se estávamos no meio de um sonho, ou se nos lembramos do seu trabalho subterrâneo, acordamos com um farrapo de sentido que não é ainda o mundo.

Numa das últimas entrevistas de Agustina, ela disse que Deus era o equilíbrio perfeito do cosmos.

"- Acredito nisso, e numa sobrevivência. Vivo rodeada de fantasmas." A jornalista interpela:

"- Isso não contradiz a sua racionalidade?"

ABL: "- Não. É também uma forma de racionalidade. Para certas pessoas é mais fácil acreditar que não acreditar."

O "tudo" construído de que fala Bachelard é essa racionalidade no sentido lato, em que o corpo também tem inteligência, como diz a escritora.

Quando se acendem em nós todas as luzes, já somos absolutamente crentes nos nossos mitos e nas nossas histórias. Mas apercebemo-nos tão pouco disso, falamos tão pouco disso, como o marinheiro fala do mar.

De que outra maneira poderíamos viver no 'tudo'?

 

 

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