segunda-feira, 14 de outubro de 2013

GRAVIDADE

"Gravity" (2013, Alfonso Cuarón)

A gravidade, que é o título do filme, é também a personagem principal?

Podemos pensar isso porque toda a história se passa no espaço a menos de um Portugal posto de pé. Depois, o 'milagroso' regresso à terra, à gravidade, é realçado pelo pisar dos pés (do tamanho do écrã) de Sandra Bullock e do erguer das colunas poderosas das suas pernas. Assim, como um herói, à Schwarznegger.

A música triunfal doutra 'guerra das estrelas' vem por acréscimo, é esperada, como aquele punhado de lama que agarra a escapada do 'espaço' ("I hate space"). Não nos livramos de cavalgadas de valquírias.

O final, de facto, arruína todas as belas cenas com o 'planeta azul' por fundo, ou o grande vazio silencioso onde se perdem os escafandros brancos.

O começo é uma saída para reparar as comunicações, com um diálogo bem humorado com Houston. Mas logo é lançado o alarme sobre uma tempestade de destroços de um satélite russo que se avizinha. A partir daí tudo corre mal. O próprio Matt (Clooney) se deixa perder no vórtice. Está-lhe destinado um regresso virtual para dar ânimo a Bullock.

No final de contas, mais um 'western', com o seu herói solitário. É o que os americanos sabem fazer melhor.

Ficam as cenas no espaço, a dança dos artefactos humanos que se escangalha, infalivelmente, a interpretação de Bullock e a fotografia.

 

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