quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

O OLHAR ETNÓLOGO

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"Mas, se são percebidos como estranhos, o motivo é precisamente esse: a sua inteligência é demasiado penetrante, a sua dedicação demasiado grande; são especialistas na tribo, não membros dela. São seus servidores, talvez os seus salvadores, mas não são feitos da mesma massa homogénea."

"O Poder das Ideias" (Isaiah Berlin)


Berlin analisa o fracasso de todas as experiências históricas de assimilação das comunidades judaicas. A maior perspicácia sobre as leis e a natureza da sociedade em que viviam, era uma questão de sobrevivência. Eles tinham que conhecer os gentios, melhor do que eles se conheciam a si mesmos. E isso mesmo os mantinha separados e culpados, ainda que involuntariamente, de "objectividade".

Os judeus, sempre acompanhados da sua religião portátil (Debray), dos textos sagrados e do seu Sião celestial, tornavam-se, assim, o eternamente outro, por causa dessa primeira necessidade de conhecer, de "descobrir como os seus anfitriões funcionam." A assimilação era, pois, logo de início afastada, como não desejada, nem aprovada pela religião e isso, em todo o lado, reproduzia a inultrapassável distância.

Algo de semelhante se pode encontrar no olhar etnológico. O etnólogo estuda o homem primitivo, com toda a justiça de que é capaz, mas nunca a um mesmo nível de humanidade.

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