segunda-feira, 6 de novembro de 2006

XEQUE À RAZÃO



Mário Pinto fala hoje no "Público" em razão cómoda, a propósito da chamada pós-modernidade. E diz: "(...) Estas fracturas, porque não são racionais, mas comodistas, usam os argumentos da comodidade e da retórica e fogem às discussões verdadeiramente filosóficas e científicas. Repare-se, por exemplo, que os defensores do aborto voluntário livre não usam os argumentos da ciência e da filosofia; mas apenas os da comodidade e da demagogia. Aí reside a sua força e a sua fraqueza."
Em "Familiaris Consortio", de 1981, João Paulo II referia-se a uma "mentalidade contraceptiva" tendo em vista, não o "projecto de Deus", mas "o próprio bem-estar egoístico".

É difícil não reconhecer que estas posições, no seu tradicionalismo e, até, anacronismo, são hoje quase a única barreira à completa relativização dos valores que tão grande repercussão tem na nossa vida quotidiana e que caracteriza a crise geral da nossa sociedade.

E o que se passa é que todos os que não são incondicionais dessa mudança (não se sabe no sentido de quê) se encontram mais ou menos desarmados para lutar contra uma tendência osmótica e avassaladora.

Ora, nem todas as épocas merecem um filósofo como Kant, e talvez a crítica que nos é hoje possível não venha da própria Razão (que é capaz de negar, mas não de reafirmar, como diz o articulista), mas do Passado que, mais do que nunca, é urgente compreender.

1 comentários:

bettips disse...

Sempre me perco aqui. Sempre (quase) me encontro. Sim, seria preciso compreender o Passado e exorcisá-lo. Indo em frente. Sem negar as marcas, mas reconhecendo-as. Como uma infância que não devemos esquecer, mesmo tendo sido infeliz. Abç