segunda-feira, 20 de novembro de 2006

AS OSCILAÇÕES DE HEITOR


Hector dissuaded from battle
engraving by James Fitler (dates unknown), 1795
after painting by Thomas Kirk (1765–1797)


"Este castigo dum rigor geométrico, que pune automaticamente o abuso da força, foi o primeiro objecto da meditação dos Gregos.

(...) Talvez seja esta noção grega que subsiste, sob o nome de karma, em países do Oriente impregnados de budismo; mas o Ocidente perdeu-a e já nem sequer tem, em nenhuma das suas línguas, palavra que a exprima; as ideias de limite, de medida, de equilíbrio, que deveriam determinar a condução da vida, já só têm um uso servil na técnica."

"A Ilíada, ou o poema da Força" (Simone Weil) in " A Fonte Grega" (Livros Cotovia)


A palavra e a meditação sobre ela nas tragédias nunca impediram o abuso da força.

O mesmo homem pode, num momento sentir todo o peso do destino, como Heitor, no exemplo de Simone, e, no outro, embriagado pelo sucesso, ultrapassar os limites da prudência.

E se é verdade que a sabedoria do passado não se perdeu completamente, porque existe ainda nos livros, a multidão perdeu o contacto com ela.

Hoje, graças aos triunfos da Ciência, dir-se-ia que a ideia que prevalece nas massas é que, pelo menos para a espécie, não há limites e que a noção de força e a do seu abuso nem sequer fazem sentido para o Homem.

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