Hector dissuaded from battle
engraving by James Fitler (dates unknown), 1795
after painting by Thomas Kirk (1765–1797)
"Este castigo dum rigor geométrico, que pune automaticamente o abuso da força, foi o primeiro objecto da meditação dos Gregos.
(...) Talvez seja esta noção grega que subsiste, sob o nome de karma, em países do Oriente impregnados de budismo; mas o Ocidente perdeu-a e já nem sequer tem, em nenhuma das suas línguas, palavra que a exprima; as ideias de limite, de medida, de equilíbrio, que deveriam determinar a condução da vida, já só têm um uso servil na técnica."
"A Ilíada, ou o poema da Força" (Simone Weil) in " A Fonte Grega" (Livros Cotovia)
A palavra e a meditação sobre ela nas tragédias nunca impediram o abuso da força.
O mesmo homem pode, num momento sentir todo o peso do destino, como Heitor, no exemplo de Simone, e, no outro, embriagado pelo sucesso, ultrapassar os limites da prudência.
E se é verdade que a sabedoria do passado não se perdeu completamente, porque existe ainda nos livros, a multidão perdeu o contacto com ela.
Hoje, graças aos triunfos da Ciência, dir-se-ia que a ideia que prevalece nas massas é que, pelo menos para a espécie, não há limites e que a noção de força e a do seu abuso nem sequer fazem sentido para o Homem.
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