quarta-feira, 7 de setembro de 2005

A SEGUNDA QUEDA DO REI ÉDIPO

Édipo e a esfinge de Tebas






“(...)Mas também não se deve supor nenhuma malícia, nenhum género de alma inferior, nenhum pensamento separado e como que perdido, enfim, nada do que o espírito preguiçoso reúne sob o nome de inconsciente.”
Alain (Idées)


 
No Nouvel Observateur, volta-se a debater o valor científico da psicanálise e dos seus conceitos maiores, como o do Inconsciente.

Por um lado, e segundo o testemunho do próprio fundador, nenhum dos doentes tratados no famoso divã conheceu a cura (a análise pode ser “interminável”), por outro, nenhum facto ou lei foram provados, de modo a satisfazer os critérios científicos. Popper considera a doutrina, ironicamente, como uma metafísica.

Para recriar os seus próprios mitos, Freud recorre largamente, no sistema, à mitologia grega, a começar pelo maior sucesso do seu revivalismo: Édipo.

Não se pode subestimar o papel da psicanálise como dispensadora de sentido e de racionalidade. Uma disfunção, um problema, ganham em passar a sintoma e, desde logo, a um diagnóstico compreensivo e integrador da personalidade, se bem que falso.

Mas não estamos no mundo físico e dos objectos a que se possa aplicar o rigor matemático.

A conclusão do artigo é que, não sendo uma ciência, a psicanálise não deixa de ser uma espiritualidade, a par do ioga e do tantrismo, pelo que tem o seu lugar mais do que justificado no mundo de hoje.

E embora a tradição dos Sutra ateste duma perene reflexão sobre a sexualidade, de que visão do cosmos se pode reclamar a psicanálise?

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