quarta-feira, 12 de outubro de 2016

TRANSPARÊNCIA

(Transparency. I don't know, ask the skipper)




"'Medir os meus poderes no silêncio e limitar-me a esse exercício secreto.' Assim, o sistema valéryano tende menos a resultar numa imagem transparente do real do que a construir um 'sistema de mim' e a 'fazer o [s]eu espírito'."
(Paul Valéry; cit.Tagami)

De certa maneira, a imagem que resulta do 'sistema do eu' reflecte fielmente o real. Mas essa correspondência é tudo menos linear e tudo menos directa.

Era o que havia de 'verdade' no estado dionisíaco e profético da antiga pitonisa. Os seus pretensos enigmas, mais não eram do que um eco longínquo do estado de um mundo. Dado que não é possível à maior inteligência nem à maior 'consciência' conceber a totalidade, um 'mundo local' tem de ser o mais importante.

Ora, o 'sistema do eu' não é assim tão diferente de um 'sistema local'. A história filosófica do Sujeito preencheu, na verdade, e por um tempo, o trono vazio de Deus.

O espírito valéryano é simplesmente o espírito, e o espírito é a totalidade possível.


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