domingo, 16 de outubro de 2016

A CLAREZA DO MUNDO

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"A clareza é em si mesma um valor intelectual; mas não o são nem a exactidão nem a precisão. A precisão absoluta é inacessível, e é inútil pretender ser mais rigoroso do que o exige a problemática em causa. A ideia de que devemos definir os nossos conceitos com o propósito de os tornarmos "precisos", ou lhes darmos um "sentido" é um fogo fátuo. Isto porque toda a definição tem de recorrer a conceitos definidores; deste modo, nunca poderemos evitar, em última análise, trabalhar com conceitos indefinidos. Os problemas cujo objecto se traduz no significado ou na definição dos termos não são relevantes. Na realidade, essas questões meramente verbais deveriam ser evitadas a todo o custo."

"Em busca dum mundo melhor" (Karl Popper)

O erro comum seria então pensar que não se chega a acordo porque não se definiram os termos e poderá não se estar a falar da mesma coisa.

Isto pressupunha que se pusessem de lado as questões mais abstractas ( conceitos como a justiça, a verdade, a beleza, etc.), justamente as mais relevantes.

E a verdade é que a exactidão não interessa nem é possível aqui, mas que só podemos ser claros se estivermos a falar da mesma coisa.

É, aliás, a situação típica do "diálogo de surdos" de todos os conflitos religiosos, de hoje como de ontem.

O optimismo de Popper e a sua higiene de pensamento receio que só tenham validade para aquele a que chama de Mundo 1 (o da Física).

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