quarta-feira, 10 de setembro de 2014

MÁQUINAS CELIBATÁRIAS

 

(o capitalismo moderno) "é simplesmente não religioso, sem ligação interna, sem espírito público, muitas vezes, senão mesmo sempre, uma acumulação de riqueza que só aspira à criação de propriedade. Para poder sobreviver, um sistema como este tem de ter um sucesso completo e não apenas parcial."

John Maynard Keynes

O conceito de sucesso (alcançar os seus objectivos?) não se pode aplicar ao capitalismo, que não é um indivíduo, nem um grupo. Está mais perto de um organismo (do género 'alien', se não fosse tão terrestre) do que de um sistema. Sistema foi o conceito que lhe deu um sentido por duzentos ou trezentos anos, e que foi inspirado na máquina cartesiana. Como 'coisa', funciona ao menos? (seria uma espécie de sucesso).

Socorramo-nos da ideia, no "Anti-Édipo" (Deleuze e Guattari), de "máquina celibatária" (capítulo das 'Máquinas desejantes'): "Há um consumo actual da nova máquina, um prazer que podemos qualificar de auto-erótico, ou antes, de automático, onde se celebra uma nova aliança, um novo nascimento, num êxtase deslumbrante, como se o erotismo maquinal libertasse outros poderes ilimitados."

Terá a antiquíssima imagem do oiro incarnado esta nova máquina que, claro, impede que qualquer lógica de sistema se imponha como 'ultima ratio'? Estes banqueiros tresloucados (criminosos aos olhos dos que pensam num sistema com leis próprias e regulado pelo 'bom senso'), o lixo financeiro produzido pela 'Cloaca Maxima' do "Capital", fazem parte de alguma economia?

Ou pode-se levar tudo à conta da sempieterna 'hubris''? Será a parte económica do capitalismo o subproduto duma orgia dionisíaca?

 

0 comentários: