quarta-feira, 17 de setembro de 2014

A GRANDE ILUSÃO

William Yeats

 

"The coming of wisdom with time: though leaves are many, the root is one, through all the lying days of my youth, I swayed my leaves and flowers in the sun; now I may wither into the truth."

(William Yeats)


"Com a idade, o surgir da sabedoria: embora as folhas sejam muitas, a raiz é uma; através dos ilusivos dias da minha juventude balanceei as minhas folhas e flores ao sol; agora posso mirrar-me na verdade." (perdoe-se-me a infeliz tradução)

Como é antiga esta ideia de que a vida é um longo desvelar da morte, como se tudo nos enganasse na juventude e nos dias de acção! Mas parece que assim é, qualquer que seja a perspectiva. Nunca diremos sem sofismas que progredimos para o fim. Deixamos enferrujar as ferramentas ou abandonamos a tribuna quando começávamos a compreendê-las. De um momento para o outro, o mundo novo é um desafio que já não é para as nossas forças.

Mas o pôr-do-sol é mais verdadeiro do que a alvorada? Claro que não. Dizia Hegel que a coruja de Minerva levanta voo ao entardecer. Mas as ilusões são-nos tão necessárias que não podem ser simples enganos. Digamos que a verdadeira sabedoria, se voltasse a conhecer a 'inocência', queria começar precisamente por isso a que Yeats chama de "lying days".

E talvez voltasse a refazer a biblioteca, coisa que Cristo (Pessoa) não teria deixado de fazer se chegasse a velho.

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