segunda-feira, 5 de maio de 2014

A CONFERÊNCIA

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"Era mais ou menos como se um velho caçador ou um velho guia de montanha devesse assistir a uma conferência de metereólogos e acabasse por escutar os seus reumatismos."

Robert Musil (L'Homme Sans Qualités")

O velho prestou a sua homenagem à ciência, como coisa social, mas confiou só no 'contador' do próprio corpo, na sua experiência de montanha.

Mas o paradoxo moderno não é esse. É que não existindo a experiência da maior parte das coisas que nos acontecem, nem da 'velocidade' a que ocorrem, a homenagem deixou de ter lugar, para se tornar um estilo de vida quase sem alternativa. Comparativamente aos nossos antecessores, 'sabemos' cada vez menos do que importa.

Podemos ser 'eruditos' do virtual (todo o 'conhecimento' está em vias de caber num 'chip', qualquer coisa que nos transforma tanto ou tão pouco como um adereço de 'toilette'), sem que isso nos torne um átomo mais homens.

É curioso como esta observação ganhou, capciosamente, um sentido sexual.

Conclusão: só nos resta assistir cada vez mais frequentemente a conferências de metereólogos.

 

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