domingo, 14 de abril de 2013

'TENTATIO TRIBULATIONIS'

Santo Agostinho

 

"Nenhum homem está provido de tanta justiça que não lhe seja necessária a tentação da inquietação"

Santo Agostinho


A 'tentatio tribulationis' acontece 'quando o homem se converte num problema para si mesmo'.

A ideia de que a justiça começa dentro de nós é platónica. Mas seria preciso viver longe do mundo para não ser 'inquietado' pela injustiça e longe do seu próprio corpo para não ser inquietado pela dúvida. A "carne é fraca" quer dizer isso mesmo.

Agostinho não diz que seja bom sermos inquietados, diz que isso não se pode evitar. É melhor, então, fazer da necessidade virtude. A dúvida é o que nos impede de cometer os erros devidos à obstinação cega, que em alguns grupos é designada por 'coerência' ou 'fidelidade aos princípios', mas que é, as mais das vezes, a convicção errada de que temos a justiça dentro de nós.

Não temos, nem os juízes têm. O acórdão do Tribunal Constitucional infringiu a regra democrática da 'separação dos poderes'. E deu-se aos juízes o poder de lançar o raio, o que significa mais um passo na deslegitimação da justiça.

A política passou aos tribunais a 'inquietação' que lhe deveria ser própria. Política e justiça perdem porque nenhuma ocupa o seu lugar nem assume a sua função.

 


 

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