domingo, 21 de abril de 2013

O BRANQUEAMENTO DO KITSCH

 

(kitsch: Derived from the German verkitschen etwas, kitsch means to 'knock something off'. Today it is synonymous with objects of bad taste that are so bad they're good in an ironic way. In the fifties and sixties kitsch was - and still is - highly collectable. Kitsch can be anything from flying ducks to Tretchikoff paintings and Elvis toilet roll holders. Definition from BBC News Online.)

"(...)Verifiquei que o fechar com chave de ouro era pôr o Marco Paulo a cantar a "Nossa Senhora". Todo o espectáculo teve aquele doce tom "kitsch" que eu tanto aprecio - dentro daquilo que Barthes sagazmente designou como "la fascination de la bêtise"(...)".


Eduardo Prado Coelho


A chamada música pimba acaba de entrar no kitsch, juntamente com alguns apresentadores de televisão.

Isso, por um lado, é mais um sintoma da crise dos valores estéticos (há-os fora da bolsa?). O mau gosto que era a característica principal do kitsch certifica todas as práticas, indiferentemente do gosto, e de reivindicarem o estatuto de arte.

Por outro lado, estamos perante uma difracção do juízo, como a que opera o tempo ou a mudança de contexto.

Pelo simples facto de não se fazer já cinema como os dos anos 50, por exemplo, esses filmes adquirem uma auréola de originalidade ( como a que a Benjamin atribuía à obra de arte, antes da sua reprodutibilidade), para além da mais-valia sentimental que também possam ter, evidentemente.

Portanto, incluir a música pimba e a televisão no kitsch é como se fôssemos extemporizados e postos fora do contexto, como se viéssemos de outra época e doutra cultura.

É, de certo modo, uma espécie de "branqueamento" da fealdade.

 

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