segunda-feira, 22 de abril de 2013

REGRA DE SILÊNCIO ("The company you keep")

 

Nick Sloan (Redford), ex-activista dos anos sessenta, que vivia sob um falso nome, em Albany, educando a filha, é obrigado a fugir porque uma sua antiga 'companheira de armas' (Sharandon), cansada de se esconder, resolve entregar-se.

Ora, Nick não chegou a fazer parte do grupo que roubou o banco nos anos setenta, assalto de que resultou a morte de um guarda. Só Mimi Lurie (Julie Christie), que vive numa clandestinidade romanesca, pode testemunhar o facto, o que significa para uma 'idealista' impenitente, que voltaria a correr os mesmos riscos e a cometer os mesmos erros, porque o sistema não mudou, senão para pior, sacrificar a sua liberdade, a ilusão da sua superioridade moral, a uma velha amizade e ao futuro duma rapariga de 12 anos.

A corrida de Nick Sloan à frente da polícia que o persegue tem por único objectivo persuadir Lurie a redimir o seu nome.

Não interessa que as razões para não poder ser implicado como os outros sejam ténues. Nick não se arrepende dessas velhas ideias, nem dos erros que elas o levaram a cometer. Em vez disso, cresceu, diz ele. Tomou consciência de que há sempre vítimas inocentes. Enfim, apenas a sorte ditou a sua ausência da cena do crime, mas ele deixou de ter ilusões sobre o poder de mudança ao alcance dos indivíduos. A sua fidelidade ao passado consistia quase só na sua vida dupla.

No entanto, a entrevista com Mimi Lurie, apesar das suas palavras sempre iguais, duma retórica pseudo-revolucionária que hoje está ao lado do machado de sílex no museu de antropologia, calou fundo. Ele desmascarou a morte do 'bicho álacre e sedento' nos olhos da libertária. Por detrás da fachada, apenas a desilusão três vezes negada e três vezes rearmada.

Por fim, num gesto de generosidade ( a verdadeira homenagem à juventude e aos seus ideais, feitos para se desfazerem) rende-se aos 'justiceiros' do FBI, a essa justiça do sistema que não pode ser a justiça.

 

 

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