sexta-feira, 29 de março de 2013

PIOLHEIRAS

D. Carlos I

 

D. Carlos, o nosso rei baleado no Rossio, ter-se-á uma vez referido à situação do país como de 'piolheira nacional'. Não imaginamos, mesmo em privado, um presidente da república a ter esse desabafo. Mas todos nos sentimos no direito, mesmo sem 'sangue azul', a imaginar piolhos na cabeça de todos os políticos.

Assim, temos a ilusão de ser diferentes deles e que, a partir do momento em que se é investido num cargo, ocorre uma transubstanciação fatal. Passamos a ser "eles". Que pena que o Nuno Crato não tivesse continuado a escrever as suas inteligentes crónicas e a malhar no "eduquês"! Agora já só fala a língua deles e faz parte da quadrilha.

E Sócrates? Dizem os comentadores encartados que não mudou nada, que está igual a ele mesmo (leia-se, uma vez político, sempre político; ainda por cima arrogante e malcriado - parece que aprendeu a só dizer o que quer na televisão e a não se deixar 'encurralar'), como se o seu 'ano de sabática' em Paris devesse corresponder a uma 'travessia do deserto' cheia de aparições sobrenaturais. É claro que ele não mudou, e os outros também não. Mesmo uma 'piolheira' precisa de figurantes de todo o jaez, como na 'commedia dell'arte'. A diferença entre 'animais ferozes' e os 'animais de pastorícia' é bem vinda e de consequências imprevisíveis.

Só não sei se, alguma vez, poderemos esperar, na política, uma surpresa como a que nos reservou Francisco. Também ele tem na Cúria a sua 'piolheira'...

 

 

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