sábado, 9 de março de 2013

MUDAR-SE A COISA AMADA NO AMOR



Emmanuel Levinas (1906/1995)


"Aquilo que se designa por um termo um pouco adulterado de amor é por excelência o facto que a morte do outro me afecta mais do que a minha. O amor do outro é a emoção da morte do outro. É o meu acolhimento de outrem, e não a angústia da morte que me espera, que é a referência à morte."

Emmanuel Levinas ("Dieu, la mort et le temps")


Se, como propõe Levinas, o tempo é uma relação com o Outro, a eternidade deve ser qualquer coisa como deixar o amado pelo amor, como dizia Rilke, a seta que se apoia no arco e parte.

"(...) Pois não hão-de finalmente estas antiquíssimas dores
tornar-se-nos mais férteis? não é tempo que, amando,
nos libertemos do amado e, trementes, vençamos a prova?
como a seta vence a corda, para, concentrada ao saltar
se superar a si própria. Pois nenhures há parar."


Rainer Maria Rilke (1ª Elegia de Duíno - tradução de Paulo Quintela)


A morte seria, assim, a ilusão essencial.

0 comentários: