segunda-feira, 11 de março de 2013

O ANIMAL POR PARTES




Aquiles vendando uma ferida no braço a Pátroclo




Nos tratos da insónia, um paradoxo político: uma sociedade em que todos tivessem razão, provavelmente, não seria viável. Isto, porque se cerceariam as condições do espírito criativo e da aprendizagem. Esse unanimismo fechar-nos-ia as portas que só o erro e a contradição nos podem abrir, precisamente obrigando-nos a sair do racionalmente previsível. A razão sozinha não nos pode guiar, como a crítica kantiana o explicou.

O segredo da "superioridade" humana estaria assim na sociedade natural em que as diversas idades, sexos e idiossincrasias coexistem, contribuindo cada qual com o que lhe é próprio: a energia, a experiência ou a falta delas, o viço das ilusões e a secura da desilusão, os erros condicionais e os sucessos relativos.

Uma país que tenha perdido a sua juventude na guerra apresentará um desequilíbrio moral e físico, e tenderá para o conservantismo. Uma nação a quem uma catástrofe natural tenha levado os velhos penderá para a intolerância e para a agressividade.

A eficácia mortífera de certos grupos vem-lhes de reproduzirem no seu seio uma natureza mutilada.
A esta luz, a intrigante sexualidade dos Gregos talvez se possa ler como uma forma original de captação de energia militar. É o efeito de Pátroclo.

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