quinta-feira, 7 de março de 2013

A MORAL DE PANTUFAS

Charles Darwin


"Parece que os homens que têm para dar a certas questões uma resposta nova e revolucionária assinam com tudo o resto um compromisso que deixa em todo o lado sobreviver uma bela moral em pantufas."

"O Homem Sem Qualidades". (Robert Musil)


Um modelo energético parece inspirar esta ideia que é, de resto, difícil de rebater.

Simplesmente não temos forças para combater em todas as frentes. Temos de nos concentrar necessariamente num ponto, abandonando o resto.

Newton conservou Deus no seu sistema (que, de facto, não precisava dessa hipótese), porque, evidentemente, procurou nele o seu 'ambiente' racional. Não se poderia 'descobrir' leis universais sem as estender ao desconhecido. E a ideia de Deus permite que esse desconhecido faça sentido e que não ponha em causa, à partida, as ditas leis.

O homem religioso, no cientista, não mudou nada, 'limitando-se' a fornecer a inspiração duma razão universal.

Darwin foi talvez ainda mais longe sem abalar, em si próprio, o fundo das suas crenças. Pôs drasticamente em causa o mito do 'Génesis' sem tirar daí todas as consequências, pois dentro de si achou maneira de conciliar o inconciliável. As dificuldades encontradas para um novo compromisso, deixou-as a quem tinha mais energia e estava mais motivado.

Depois de Darwin, a solução passava pela descoberta da linguística que desssacralizou, como não podia deixar de ser, o texto antigo.


0 comentários: