segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

O DEUS DA ROLETA




"Temos provas de que as ilhas mais pequenas têm mais espécies por metro quadrado do que as maiores e, claro, do que os continentes. (ambientes maiores são mais capazes do que os mais pequenos - permitindo que os maiores fiquem ainda maiores, a expensas dos mais pequenos, através do mecanismo da ligação preferencial)"


"O Cisne Negro" (Nassim Taleb)


Segundo o autor, a 'Mãe-Natureza' não aprecia as chamadas 'economias de escala' (veja-se o destino dos dinossauros) nem o que os economIstas entendem pelo conceito de optimização (parece que, pelo contrário, a natureza aposta na 'redundância' e nas 'peças sobresselentes').

A 'Mãe-Natureza' tem sobre os auto-proclamados cientistas do êxito económico e das projecções sobre o futuro a vantagem de 'andar por cá há muito mais tempo'.

Os grandes organismos são mais vulneráveis às ocorrências raras, mas devastadoras, como se viu com o banco Lehman Brothers. Nos anos setenta, circulou um slogan que dizia 'small is beautiful', que era mais verdadeiro do que parecia, pois o pequeno também é o mais apto na luta pela sobrevivência.

Se pudéssemos medir o poder das ideologias que tornam o nosso mundo mais problemático, apenas para benefício e protecção de certas elites, ficaria patente que o próprio Estado é refém desse sistema.

É verdade que não andamos muito longe do Estado de classe e do papel da ideologia definidos pelo marxismo. Haveria, contudo, que expurgá-lo de todas as profecias em que só podia falhar, por ter exorbitado da análise teórica do capitalismo do tempo.

A actualidade do lado político só se mantém, apesar das pretensas 'leis históricas', porque se chegou, nesta fase do capitalismo financeiro globalizado, a uma polarização extrema das sociedades, como nos EUA, entre o 1% dos ricos que detêm 30% da riqueza e os 99% restantes, polarização que já não pode configurar a luta de classes, senão por absurdo. Muito menos estamos perante um novo modelo da pirâmide social. Poderíamos pensar na teocracia do Antigo Egipto, se os sacerdotes fossem substituídos pelos 'banksters'...e se o sistema de castas fosse substituído pelo deus da roleta.

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