Saint-Just (1767/1794)
"Il est singulier pourtant que je n'aie connu l'art de jouir de la vie que depuis que j'en vois le terme si près de moi."
"Le Rouge et le Noir" (Stendhal)
Finalmente, no capítulo XXXV (un orage), o ambicioso cede a uma vontade secreta de morte, como outro Saint-Just aspirando pelo sono eterno, e desfecha dois tiros sobre a primeira amante, por quem veio o destino sob a forma daquela carta dirigida ao marquês de La Mole.
Stendhal inspirou-se em dois faits divers. No caso Berthet, podemos seguir o itinerário de Julien Sorel, que acaba com um acto de aparente vingança.
Mas isso não nos pode satisfazer e, de resto, escandaliza o nosso herói.
Apesar de todos os seus "castelos em Espanha" terem ruído com o acto de Madame de Rênal, ditado pelo seu confessor, não se pode esquecer a tensão permanente da vontade de Julien, sempre movido pela necessidade de provar a si mesmo a sua audácia. Esse regime esgota.
Suponho que mais do que tirar desforço duma mulher que chegou a amar e que o amava ainda, era a vontade de acabar com uma vida guindada à força de carácter muito acima duma natureza, no fundo simples e amável, que inspira aquele desfecho.
Nisso, "Le Rouge et le Noir" regista, com o génio dum grande romancista, um dos últimos estertores da energia revolucionária.
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